Clippings

O Globo - Luciana Casemiro (05/02/2025)

Produção industrial fecha 2024 com terceiro melhor resultado em 15 anos, mas dá sinais de desaceleração. Entenda

Apesar dos últimos resultados negativos, alguns segmentos da indústria continuam mostrando resiliência

Apesar de registrar o terceiro recuo consecutivo em dezembro, uma queda de 0,3%, a produção industrial brasileira fechou 2024 com o terceiro melhor resultado em 15 anos, uma alta de 3,1%, o que consolida um ano muito positivo para o setor. Os dados mensais, no entanto, já traçam uma trajetória diferente para este ano, ao mostrar uma queda disseminada da atividade em vários segmentos, especialmente bens de capital (máquinas e equipamentos), que tiveram uma variação negativa de 3%, e produtos de borracha e de material plástico (-2,5%), em dezembro. Apesar da aceleração prevista para este ano, não é previsto um grande revés, mas uma retração moderada, dizem os especialistas. 

- A queda é registrada, principalmente, nos segmentos relacionados à transformação. É importante entender que essa queda é um sinal de alerta forte para os próximos meses. O ciclo de alta de juros vai conter a demanda e isso vai segurar a produção industrial. O câmbio também é um motivo de preocupação para o empresário, o real desvalorizado cria dificuldade para a importação de insumos e pode ter efeito sobre os preços do produto final, trazendo impacto para a inflação aqui dentro - explica Stéfano Pacini, pesquisador do FGV Ibre.

Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec-RJ, ressalta que, apesar dos últimos resultados negativos, alguns segmentos da indústria continuam mostrando resiliência: 

- O segmento de bens intermediários e o de veículos mostram resiliência nos resultados e devem continuar crescendo forte em 2025. Os resultados por segmento sugerem que a classe média foca na troca de carros e na substituição de eletrodomésticos, além de vendas de máquinas voltadas para o empreendedorismo e pequenos negócios.

Rodolfo Margato, economista da XP, avalia que, apesar das condições mais desafiadoras para 2025, não há previsão de uma reversão drástica na tendência de crescimento da indústria, e sim uma desaceleração gradual. Ele estima uma alta de 2,2% do setor para este ano.

Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, também acredita numa retração moderada para este ano. "Fatores como o aquecimento da demanda interna, uma balança comercial sólida e políticas governamentais de estímulo à atividade econômica devem contribuir para atenuar os impactos negativos", avalia.