O mercado de trabalho brasileiro fechou o segundo trimestre com a menor taxa de desemprego desde 2014. O cenário positivo é acompanhado pelo recorde do número de pessoas empregadas e as quedas do subemprego e do total de profissionais que desistiram de procurar por trabalho. Ainda assim, a coleta do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) evidencia o nível de ocupação abaixo de 40% entre a população com 14 anos ou mais.
Dados são positivos
Desemprego no Brasil é o menor em dez anos. Os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) mostram que 6,9% da população nacional procurou por uma vaga no mercado de trabalho e não encontrou entre abril e junho. A taxa é a mais baixa para o segundo trimestre desde 2014.
Resultado traz recordes do total de ocupados. O total de 101,8 milhões de profissionais no mercado de trabalho é o maior de toda a série. O resultado ocorre com o salto do número de funcionários do setor privado (52,2 milhões). Também cresceu o volume de trabalhadores com carteira assinada (38,4 milhões) e de informais (13,8 milhões).
Busca por vaga de trabalho atinge 7,54 milhões. A sequência de quedas do índice de desemprego conta com a redução dos profissionais que procuram, sem sucesso, por uma colocação. O novo total é menor desde fevereiro de 2015 e traz uma queda de 12,8% (menos 1,1 milhão) na comparação com o mesmo intervalo do ano passado.
Evolução da pesquisa é considerada positiva. Os recordes apresentados pelo IBGE são vistos com um retrato do bom momento do mercado de trabalho brasileiro. "Os dados foram bastante favoráveis, mostrando consistência e tendência de manutenção", avalia Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec-RJ.
Mas ainda há muitos fora do mercado de trabalho
Situação de pleno emprego permanece distante. Apesar das melhoras, a situação não representa um cenário ideal. A avaliação considera as diferentes situações do mercado de trabalho em cada estado e no Distrito Federal. "Tradicionalmente, você tem nas regiões Norte e Nordeste um nível de desemprego maior", destaca Braga. As taxas de desemprego nas unidades da federação serão revelados no próximo dia 15.
"Para atingir o pleno emprego, é necessário diminuir os desalentados, que deixaram de procurar trabalho por não terem condições ou não acham mais possível, os subutilizados, que trabalham menos horas do que gostariam, e os trabalhadores por conta própria, que ainda têm um peso importante na nossa economia." - Marcelo Manzano, professor do Instituto de Economia da Unicamp.
Quatro em cada dez seguem fora do mercado. Entre os mais de 176 milhões em idade de trabalhar, 74,25 milhões (42,2%) não fazem parte da cadeia produtiva. Em queda, o número é a soma entre os 7,54 milhões de desocupados (aqueles que buscam por emprego) e 66,7 milhões classificados como fora da força de trabalho. Esse valor, porém, está 0,5% abaixo do apurado há um ano (67,05 milhões).
"Ao apontar que 40% da população com 14 anos ou mais está fora do mercado, a Pnad reflete desemprego, desalento ou mesmo baixa inserção de determinados grupos sociais no mercado de trabalho." - Claudio Felisoni de Angelo, professor da FIA Business School.
Subemprego ainda está forte
Mais de 5 milhões trabalham menos que queriam. A chamada subocupação por insuficiência de horas trabalhadas manteve estabilidade ante o segundo trimestre do ano passado. O número chegou a 7,7 milhões no terceiro trimestre de 2021, período marcado pelo arrefecimento da pandemia.
Força de trabalho potencial totaliza 6,4 milhões. O valor é referente àqueles que não estavam ocupados nem desocupados, mas possuíam um potencial de se transformar em força de trabalho. A avaliação considera a necessidade de cuidar dos afazeres domésticos, estudar, problemas de saúde, idade ou o simples fato de não querer trabalhar.
Taxa de subutilização está em 16,4%. O indicator traz as pessoas fora da força de trabalho, os desocupados e aqueles que trabalham menos do que desejavam. Há um ano, o nível era estimado em 17,8%. Braga explica que análise considera quem não atua na área desejada ou aceitam qualquer tipo de ocupação olhando apenas para o salário.
"O subempregado é aquela pessoa que às vezes tem um ofício e está fazendo faxina ou uma empreitada e recebendo diárias. Quando você tem essa diminuição, está imaginando que as pessoas estão deixando de ser subempregadas para se tornarem empregadas." - Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec-RJ.