O IPCA-15 foi de 0,39% em junho, abaixo das estimativas do mercado de 0,45%. O indicador, que é um prévia da inflação do mês, apresentou uma desaceleração frente ao mês anterior, quando foi de 0,44%. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula 4,06%, acima dos 3,70% observados nos 12 meses imediatamente anteriores, mas em linha com a projeção do Banco Central para a inflação deste ano que consta na ata do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgado nesta terça-feira.
- O resultado do IPCA-15 veio abaixo das expectativas, o mercado trabalhava com 0,45% e um destaque importante é que ele mostra uma desaceleração. Isso tira um pouco a pressão sobre a equipe econômica. Entretanto ainda continua sendo difícil a ideia de se tentar ter uma inflação acumulada no ano de 3% que era o desejo do governo. Porque quando a gente olha para esses primeiros seis meses nós já temos 2,52% de inflação acumulada o que mostra que esse esforço vai ser bastante difícil - avalia o economista Gilberto Braga, professor do Ibmec.
A maior contribuição positiva para o IPCA-15, segundo o IBGE, foi grupo Alimentação e bebidas que teve alta de 0,98%, com destaque para a alimentação no domicílio acelerou de 0,22% em maio para 1,13% em junho. Contribuíram para esse resultado as altas da batata inglesa (24,18%), do leite longa vida (8,84%), do arroz (4,20%) e do tomate (6,32%). No lado das quedas, destacam-se o feijão carioca (-4,69%), a cebola (-2,52%) e as frutas (-2,28%).
- Para o IPCA fechado de junho, não descartamos alguma sutil desaceleração do índice, quando comparado ao IPCA-15 de hoje. Essa afirmação é apoiada, em grande parte, pela expectativa de alguma perda de força de alta dos alimentos algo que já conseguimos medir, ainda que de forma tênue, em algumas coletas de outros institutos de pesquisas. Para julho e agosto, o entendimento é de que a sazonalidade do início do segundo semestre deverá jogar a favor do IPCA, com o agregado do bimestre em questão devendo ser o período de menor inflação do ano.
Enrico Cozzolino, chefe de análises da Levante, também vê um cenário de desaceleração da inflação. Para ele, no entanto, o determinante para a análise não é exatamente o resultado do IPCA:
- É possível falar em desaceleração, mas não pelo número em si, mas pensando em fatores de sinalização mais dura do Banco Central, numa expectativa de diminuição do ruído político, falas muitas vezes levianas sobre controle fiscal, e o mais recente fato que é o estabelecimento da meta de inflação em 3% ser chancelada agora para 2025.
Relatório do Bradesco destaca que "o resultado menor do que o esperado foi bastante puxado pela queda do preço da passagem aérea, que é um item volátil". Mas ressalta, que a análise das medidas que excluem o preço de passagem aérea, "a dinâmica da inflação segue benigna, com os núcleos rodando pouco acima da meta nas métricas mais curtas". O banco projeta alta de 3,8% para o IPCA no final deste ano.
O IBGE apurou alta no IPCA-15 em todas as onze áreas de pesquisa A maior variação foi registrada em Belo Horizonte (0,68%). A taxa apurada em Porto Alegre, de 0,41%, muito próxima ao indicador nacional, foi a maior surpresa dessa divulgação, para o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre. Em maio, o IPCA apurado na capital gaúcha havia sido de 0,86%.
- Projetava uma inflação de 0,9% para Porto Alegre e a região veio com uma taxa baixa. Isso pode ser explicado pela dificuldade de acesso aos locais de venda, a falta de mercadoria e a redução de demanda - diz Braz.