O setor de serviços avançou pelo segundo mês consecutivo. A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada nesta quarta-feira pelo IBGE, apurou uma alta 0,5% em abril frente a março, na série com ajuste sazonal, acima da expectativa do mercado que era de 0,2%. Comparado a abril de 2023, a expansão foi de 5,6% . Nos primeiros quatro meses do ano, o segmento acumula alta de 2,3%, ante ao mesmo período do ano passado. Em 12 meses fechados em abril, a alta é de 1,6%. O resultado de abril, após um primeiro trimestre com dados positivos no setor de serviços, reforça a perspectiva de expansão da atividade econômica brasileira para o segundo trimestre, diz Claudio Moreno do C6 Bank.
Roberto Padovani , economista-chefe do Banco BV, diz que de fato o segundo trimestre começou melhor que o esperado. A outra boa notícia, diz , é que mesmo com as famílias ainda sofrendo um pouco quando se faz a abertura do índice, o segmento de transporte foi o destaque e isso pode ser explicado uma parte por exportação, mas principalmente pelo turismo. Isso mostra que as condições de renda no país continuam favoráveis, destaca. O economista pondera, no entanto, que a situação gaúcha afasta a possibilidade que diante desse bom resultado se altere a perspectiva do crescimento para o ano:
- O segundo trimestre começa bem, e o turismo sendo um destaque refletindo condições de renda. Essas são as duas boas notícias. Agora, quais são as más notícias? É que está todo mundo olhando os impactos da tragédia ambiental no Rio Grande do Sul. Isso deve pegar muito mais nos dados de maio e junho. E, portanto, mesmo com início bom de trimestre, isso não necessariamente gera uma expectativa positiva para crescimento no ano do PIB. Então é um dado positivo, mas que tende a mudar pouco o cenário de crescimento em 2024.
Relatório do Bradesco também traz a expectativa de que em maio a receita de serviços sofra o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul. Atividades como transportes e serviços prestados às famílias devem ser as mais afetadas, diz o texto. A projeção do Bradesco é que a economia cresça pouco menos no segundo trimestre do que os 0,8% apurado nos primeiros três meses deste ano. Para 2024 a estimativa segue em 2,3%.
O economista Gilberto Braga, professor do Ibmec, diz que a uma expectativa positiva para os próximos meses, é reforçada pelo fato que que em 20 das 27 unidades federativas pesquisadas houve crescimento dos serviços.
- O ponto negativo da pesquisa foi o Rio Grande do Sul, que registrou um resultado negativo, o que ainda deverá se repetir nas próximas pesquisas de maio e junho, mas como a reconstrução da região também dependerá do setor de serviços, é bastante provável que a partir de julho exista uma reversão e o Estado apresente um grande crescimento na atividade.
O resultado veio muito acima do que era projetado pelo economista Igor Cadilhac, do Pic Pay, que previa um recuo de 0,1%. Na avaliação de Cadilhac, o dado reforça o "bom momento da atividade econômica brasileira, que vem se beneficiando de um mercado de trabalho em pleno emprego, de uma massa salarial crescente e da inflação bem comportada". O economista acredita que o cenário deve se manter ao longo ano e prevê um crescimento do PIB de 0,3% no segundo trimestre e de 2,1% no ano.
A pesquisa do IBGE aponta crescimento em três das cinco atividades pesquisadas. Mais uma vez os destaque foram os transporte, com alta de 1,7%, e o segmento classificado como de outros serviços, que subiu 5%, que já tinha avançado em março. A atividade de informação e comunicação, que tinha registrada a maior alta da série histórica em março, com avanço de 4,8% , agora cresceu 0,4%.
Entre as principais contribuições negativa ficaram, os serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) e os prestados às famílias (-1,8%) recuaram, neste mês, após terem avançado em março.
O resultado de transporte tem impacto positivo dos preços das passagens que caíram no mês de abril. Já os outros serviços, foi puxado pelas atividades financeiras. Por outro lado, o recuo dos serviços prestados às família recuou 1,8%, apesar dos fatores macroeconômicos estarem positivos, a confiança do consumidor não anda em patamar elevado, a maior dificuldade é o endividamento e a taxa de juros. É importante ponderar que os serviços prestados às famílias tiveram m impacto forte do Lollapalooza, em março, o que levou a uma maior queda em abril - explica Stéfano Pacini, economista do FGV Ibre.