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Valor Econômico - Marcelo Osakabe (10/05/2022)

As capitais que têm a gasolina mais cara e mais barata no Brasil; saiba quais são

Sequência de reajustes atinge consumidores em todo o país, mas valores pagos na bomba variam de cidade para cidade

A sequência de reajustes nos preços dos combustíveis nos últimos meses atinge consumidores em todo o país, mas os valores pagos na bomba variam de cidade para cidade. Impostos estaduais, dificuldades do transporte são alguns dos elementos que acabam abrindo espaço para as diferenças dos preços na bomba. 

Informações coletadas pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) apontam que entre as capitais, Teresina é a que tem os preços médios mais altos da gasolina. O preço médio pago pelo consumidor piauiense na capital do Estado é de R$ 8,217. A cidade também é a única das capitais com valor médio acima de R$ 8,00.

Depois de Teresina, a capital onde os motoristas gastam mais em média para encher o tanque com gasolina é o Rio de Janeiro. O preço médio do combustível está em R$ 7,765. Depois do Rio vem Brasília, com preço médio de R$ 7,699 por litro. Os dados constam do relatório semanal do Sistema de Levantamento de Preços (SLP) da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizado entre 1 a 7 de maio

No outro extremo – entre as capitais onde se gasta menos com gasolina -- está Macapá.

O motorista que circula pela capital do Amapá paga, em média, a gasolina mais barata entre as capitais brasileiras neste momento. Um valor médio de R$ 6,471 por litro. São quase R$ 2 de diferença em relação ao que é cobrado, em média, nos postos de Teresina.

Logo depois do Macapá, a capital com a segunda gasolina mais barata é Porto Alegre, com um preço médio de R$ 6,881.

A capital gaúcha também aparece no ranking da ANP como a capital onde o preço médio do diesel S-10 é o mais barato: R$ 6,516.

Na outra ponta, os postos de Salvador cobram o valor médio mais caro do diesel S-10: R$ 7,631.

São Paulo tem o 4º menor preço médio da gasolina cobrado entre as capitais: R$ 6,985. Mas também é a cidade com o maior valor do combustível (não o preço médio, mas o preço em um posto) encontrado pela pesquisa da ANP: R$ 8,599.

Em relação ao etanol hidratado, Cuiabá (MT) é a capital com o menor preço médio cobrado: R$ 4,896. O litro mais caro do combustível está no Rio, com preço médio de R$ 6,659, uma diferença de R$ 1,763.

As diferenças entre o preço dos combustíveis podem ser explicadas por uma série de motivos, segundo o professor de Finanças do Ibmec, Gilberto Braga. Talvez o mais conhecido deles no momento seja o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Bens (ICMS), que é definido em nível estadual — em uma faixa que vai de 23% no Mato Grosso a 34% no Rio de Janeiro. “Mas no momento, o ICMS está congelado, então o que era fator de diferenciação (de um estado para outro) deixou de ser”, pondera.

Braga diz que o preço final também leva em consideração questões de logística, margem de lucro aplicada pelos postos em cada região e alguns custos de natureza local, como normas técnicas a serem observadas ou o valor do terreno onde se localiza o posto. “Postos de estrada, por exemplo, tem um custo de operação menor que o de cidades. Mas depende da estratégia comercial de cada empresa”, diz.

A combinação desses fatores ajuda a gerar o preço final em cada capital e estado. Embora o Rio de Janeiro seja maior estado produtor de petróleo, o governo cobra a maior alíquota do ICMS da federação. Além disso, também é cobrado um adicional de mais 2 pontos porcentuais sobre o ICMS para alimentar o Fundo de Combate à Pobreza naquele estado, que tem o segundo combustível mais caro do país.

Em nota, o governo do Amapá afirma que, além de manter uma das menores cobranças de ICMS do país, em 25, outro motivo que deixa a gasolina mais em conta são os incentivos fiscais da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana, entre eles a desoneração de COFINS e PIS (tributos federais] sobre o álcool anidro [componente da gasolina).

O Valor procurou o governo do Piauí para informações sobre os preços da gasolina, mas ainda não recebeu resposta. A prefeitura de Teresina afirmou por meio da assessoria que o tema não está na esfera municipal.

O levantamento da ANP mostra ainda que o ranking das capitais não necessariamente pode ser transposto para os seus respectivo Estados. Se São Paulo cobra o quarto combustível mais barato entre as capitais, o estado sobe a segundo lugar entre os estados com o menor preço. Manaus é 7ª. capital com menor preço do combustível, mas o Amazonas é apenas o 14 Estado no ranking, por exemplo.