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A Tribuna - Raquel Morais (17/03/2022)

Especialistas explicam alta nos supermercados

Quem nunca ouviu falar que hoje em dia uma nota de R$ 100 não está valendo nada nos supermercados?

Quem nunca ouviu falar que hoje em dia uma nota de R$ 100 não está valendo nada nos supermercados? A percepção é unânime e especialistas em finanças confirmam essa ‘sensação’ de que o dinheiro não está rendendo. O preço de vários produtos está nas alturas e os brasileiros estão lidando com essas altas, principalmente desde o início da pandemia da Covid-19. A carne continua com preços altíssimos, mas o arroz já foi o vilão assim como o feijão, café e o óleo de soja. A cesta básica no Rio de Janeiro teve aumento de 2,02%, de R$ 675,44 para R$ 689,11, no comparativo entre janeiro de 2022 e dezembro de 2021.

A cesta básica ficou mais cara em 1,30% em todo o país, passando de R$ 700,53 em dezembro de 2021 para R$ 709,63 para janeiro de 2022. No Sudeste o aumento foi de 2,02%, aumentando de R$ 675,44 para R$ 689,11. A cebola lidera a lista dos produtos com maiores altas com 12,43%, batata está em segundo lugar com 9,65%, tomate com 6,21% e café com 4,75% seguido da farinha de mandioca com alta de 3,65%.

O economista e professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC), Gilberto Braga, explicou que com uma inflação anual acumulada um pouco superior a 10%, que já perdura há 6 meses, gera-se a chamada inflação inercial, em que o aumento de um item acaba deflagrando o reajuste do outro. “É como se a inflação se retroalimentasse dela própria. Quem tem poder de determinar preço, seja o industrial, comerciante ou prestador servidor, repassa a inflação para o seu produto ou serviço”, contou.

Braga frisou que quem ‘paga essa conta’ é o trabalhador. “O problema maior fica para o trabalhador que recebe salário, que não pode se dar aumento e fica indefeso diante dos aumentos. Perde-se poder de compra e cada vez a sensação de carestia aumenta, porque a reserva financeira que o assalariado faz para fazer as compras básicas cada vez vale menos. Há uma reação em cadeia, as contas de concessionárias aumentam, o carrinho do mercado fica mais vazio e por aí vai. No final, o consumidor não tem mais onde cortar. Então precisa mudar hábitos de vida, deixar de ir a shopping, cinema pago, comer fora, colocar o filho na escola pública, deixar o carro na garagem entre outros”, exemplificou.

A dona de casa Lúcia Costa, 52 anos, disse que adaptação é a palavra da ordem na sua casa. “Tenho que adaptar em tudo para conseguir economizar. Se a carne está cara eu compro mais frango, e se o frango sobe o preço a gente come omelete. Guardo a água da máquina de lavar roupa para lavar o quintal e também não lavo roupa de dia, somente na noite, para economizar na tarifa. Escolho um dia na semana para resolver as coisas na rua para economizar a passagem e assim a gente vai ‘rebolando’ para esticar o dinheiro”, frisou.

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou uma pesquisa sobre o consumo dos lares brasileiros em que mesmo com o ritmo moderado o mês de janeiro fechou com saldo positivo nas vendas de 1,23% no comparativo com o mesmo mês de 2021. em janeiro na comparação com mesmo mês do ano passado. “Observamos um movimento natural de flutuação de consumo em janeiro, como tradicionalmente ocorre no primeiro mês do ano, por conta das férias e do mês antecessor ser comemorativo em virtude do Natal e das festas de final de ano. Outros fatores, como a manutenção do Auxílio Brasil e a queda na taxa de desemprego contribuíram para manter positivo o consumo nos lares”, explicou o vice-presidente da ABRAS, Marcio Milan.