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Jornal Extra - Martha Imenes (26/10/2021)

Juro do rotativo do cartão de crédito em 339,5% ao ano; confira como sair da dívida

Em momento de crise, o recomendado é não parcelar compras e cortar gastos

As taxas de juros não param de subir no Brasil pressionadas pela inflação e os sucessivos aumentos na taxa básica de juros (Selic) — o Banco Central sinalizou uma alta de 1 ponto percentual, para 7,25%, mas o mercado já aposta em uma subida para 7,5%. Ontem a autoridade monetária deu a "má-nova": os juros do cartão de crédito na modalidade rotativo atingiram em setembro o maior patamar desde agosto de 2017, com uma taxa anual de 339,5%. Este é o terceiro aumento consecutivo na modalidade, que marcava 327,5% em junho.

Na esteira do aumento do crédito de plástico estão: o parcelamento no cartão, que chegou a 168,7% ao ano, e os juros do cheque especial, que alcançaram 128,6%, maior nível desde março de 2020. Diante dessa escalada como o brasileiro pode fazer para não ficar mais endividado? Especialistas consultados pelo Extra explicam que neste momento o melhor a fazer é evitar utilizar o cartão de crédito justamente por conta da taxa de juros.

- A dívida do cartão é uma das formas de crédito mais caras e, na verdade, é uma das alternativas mais utilizadas neste momento de carestia para fechar o orçamento e pagar as contas do mês da família - explica o economista e professor do Ibmec, Gilberto Braga.

- O grande risco é aumentar cada vez mais endividamento na medida que, com a inflação elevada, a família não consegue manter o orçamento equilibrado.

De acordo com o economista, "o rotativo do cartão de crédito deve ser usado com cuidado porque junto com o cheque especial são as duas formas de dívidas mais caras e mais difíceis de serem revertidas.


Juros médios em alta

Os juros médios do sistema financeiro chegaram a 21,6% ao ano em setembro depois de quatro meses seguidos de alta, o maior patamar desde março do ano passado. Os juros sobem tanto para pessoas físicas quanto para empresas.

No último caso, a alta vem acontecendo desde junho, quando as empresas pagavam em média 12,8% de juros ao ano. Em setembro, esse número chegou a 14,9%, maior patamar desde agosto de 2019, quando o número foi registrado.

O consignado também subiu para servidores públicos, de 16,7% ao ano em agosto para 17% em setembro, de trabalhadores do setor privado de 29,8% para 31% e para beneficiários do INSS de 20,4% para 20,5%.

Confira como se livrar da dívida

Saiba quanto deve

Entre em contato com a emissora do cartão para solicitar Custo Efetivo Total (CET) da dívida. Só assim é possível ter o valor real de quanto está devendo. Essa informação é um direito do consumidor, alerta o Procon-RJ. Uma dica do economista Gilberto Braga é: faça uma soma de tudo e veja quanto precisaria para pagar tudo à vista. Isso vale principalmente para quem tem mais de um cartão, que pode ser de crédito ou de débito.

Faça um raio-X das finanças

De posse do valor do tamanho da dívida com cartão, agora é preciso descobrir quanto pode separar por mês para pagar a dívida do cartão de crédito. Anote os gastos em um caderno, uma planilha de Excel ou até um aplicativo específico para finanças pessoais. O importante é ter o controle de todos os ganhos, gastos fixos e pontuais.

Reavalie os gastos

É importante fazer uma autoavaliação para entender o que causou o seu descontrole financeiro. Faça o pente-fino da fatura e veja exatamente quando o descuido ou descontrole aconteceu. Entender a origem da dívida é importante para evitar que o mesmo problema ocorra novamente.

Negocie com o cartão

Com o valor da dívida e de quanto terá para pagar, entre em contato com o banco para negociar a dívida. Fique atento para evitar parcelamentos que comprometem o orçamento.

Avalie a proposta

Quitar uma dívida cara, como a do cartão de crédito, é uma tarefa para ser cumprida o mais breve possível. No entanto, isso deve ser feito por meio de uma proposta que também seja boa para o consumidor. Se o valor combinado na negociação não couber no orçamento, ele pode se complicar de novo e não conseguir sair do endividamento.

Corte gastos

Lembre-se: se a conta não fecha no fim do mês ao ponto de você não conseguir pagar a fatura do cartão de crédito, é sinal de que está gastando mais do que ganha.

A solução é cortar gastos desnecessários e reduzir, ou pelo menos reavaliar, o que não pode ser eliminado. Estabeleça um limite para alguns gastos, como plano de telefone, internet, supermercado. Isso vai ajudar a manter o controle das finanças.

Evite compra parcelada

Outro ponto importante é evitar novas compras parceladas, principalmente durante esse período de controle das finanças. Parcelar é uma facilidade, pois permite a aquisição de bens que, se fossem comprados à vista, consumiriam boa parte do orçamento mensal. No entanto, parcelas a perder de vista podem levar ao descontrole financeiro.

Troque a dívida por uma mais barata

Procure alternativas mais baratas, caso perceba que o acordo com a instituição será muito complexa. Assim, no lugar da parcela com juros altos, é possível pagar parcelas que caibam no seu orçamento. No mercado, existem opções de crédito com taxas de juros reduzidas, como o empréstimo consignado, que tem taxa mais em conta.