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O Globo - Stephanie Tondo (19/04/2021)

Petrobras dispara na Bolsa após posse de novo presidente

Ibovespa termina o dia com queda de 0,15% nesta segunda-feira. Dólar recua 0,61% com investidores aguardando definição do Orçamento em semana decisiva

Após operar em alta na tarde desta segunda-feira, influenciado pelas ações da Petrobras, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de São Paulo (B3) encerrou o dia praticamente estável, com leve queda de 0,15%, a 120.933 pontos.

Os papéis da estatal tiveram um salto após o discurso do novo presidente, Joaquim Silva e Luna. Na cerimônia de posse, uma palavrinha fez toda a diferença no discurso dele: “paridade”.

O general indicado para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro, insatisfeito com os sucessivos reajustes dos combustíveis da estatal, prometeu manter a paridade dos preços da Petrobras com os do mercado internacional e com o câmbio.

O descasamento entre os preços internacionais e os praticados nos postos de gasolina é o maior temor dos investidores, já que isso implicaria em prejuízos à empresa.

Ações sobem mais de 5%

As ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) registraram alta de 5,03% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), de 5,80%.

Para os agentes de mercado, o general adotou um tom conciliador, que ajudou a diminuir o receio de possíveis interferências políticas na empresa.

No entanto, ainda existe uma desconfiança sobre se o indicado do presidente Jair Bolsonaro será capaz de sustentar algumas medidas no longo prazo, já que os reajustes nos combustíveis foram o principal motivo da demissão de seu antecessor por Bolsonaro.

Impossível fazer ‘omelete sem quebrar ovos’

Para Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec RJ, o pronunciamento surpreendeu positivamente, e disse aquilo que o mercado queria ouvir, como a manutenção da paridade de preços, baseada na cotação do petróleo e do dólar no exterior, e a continuidade da política de desinvestimentos.

Contudo, Silva e Luna falou em conciliar interesses de acionistas, governo, petroleiros e consumidores, o que na prática não é uma missão fácil.

— Evidente que não é possível equilibrar todos esses interesses e fazer um omelete sem quebrar os ovos, por isso permanece um pouco de desconfiança. Em algum momento ele terá que desagradar a algum desses lados. Mas foi uma boa surpresa, porque as expectativas eram muito mais no sentido de um discurso pró-governo, sem tantas concessões para o setor privado — afirma Braga.

Desconfiança permanece no mercado

Ilan Arbetman, analista de Research da Ativa Investimentos, também elogiou o trecho da fala do general que propõe reduzir a volatilidade dos preços praticados sem abrir mão da política de paridade internacional. Porém, ele ressalta que essas duas ações tendem a “apresentar antagonismos”.

— Uma vez que a mudança no comando da petrolífera fora motivada pela insatisfação do Executivo com a política atual de preços, acreditamos que uma definição sobre os rumos da nova abordagem quanto à política de preços será o primeiro e principal desafio da nova gestão — destaca.

Dólar fecha em queda, a R$ 5,55

O dólar comercial operou em baixa ante o real durante esta segunda-feira, e encerrou o pregão com queda de 0,61%, cotado a R$ 5,550 na compra e R$ 5,551 na venda.

No cenário interno, as discussões em torno do Orçamento para 2021 e os desdobramentos da CPI para investigar o combate à pandemia realizado pelo governo federal seguem na pauta. O presidente Jair Bolsonaro tem até esta quinta-feira para sancionar a proposta orçamentária.

No exterior, os investidores acompanham o movimento dos títulos do Tesouro americano de longo prazo, os Treasuries, que vêm de um fechamento baixo na casa dos 1,58%, na sexta-feira.