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O Dia (05/01/2021)

Um 2021 de dívidas velhas e reflexões

O ano novo, na sua melhor tradução, atenuará os efeitos da pandemia no mercado de trabalho e o desemprego, embora menor, deverá continuar assustando o trabalhador

O ano de 2021 chega com expectativa positiva na Economia, com uma projeção de crescimento de 3,5% para o PIB, inflação de 3,4%, taxa de juros Selic em elevação para 3,2% e taxa de câmbio para o dólar a R$ 5. Este cenário leva em conta que teremos uma vacinação contra o coronavírus no mundo e no Brasil e que se inicie uma imunização efetiva em larga escala até junho.

Isso não quer dizer que todo estará imunizado, mas que haverá vacinação, com logística de distribuição e critérios de seleção aceitáveis e progressivos por grupos de risco, que se traduzam em índices declinantes de contágio e vítimas fatais da pandemia.

Esse quadro trará otimismo para a retomada do negócio, dos investimentos e da recontratação de mão de obra, amenizando os índices de desemprego, principalmente no segundo semestre.

Por outro, caso a covid-19 continue avançando, as perspectivas se invertem, sendo possível uma recessão econômica, com mais gente sem emprego.

Mesmo no cenário mais otimista, os resultados da Economia em 2021 ainda não serão suficientes para anular as perdas de 2020, sem falar no resquício de anos anteriores. O ano novo, na sua melhor tradução, atenuará os efeitos da pandemia no mercado de trabalho e o desemprego, embora menor, deverá continuar assustando o trabalhador.

Por isso, pode se dizer que 2021 será um ano com dívidas velhas para a maior parte dos brasileiros, que ficou ou já estava desempregada ou que teve perda de renda por causa da pandemia. Cada um vai continuar administrando a própria crise financeira, que faz faltar dinheiro para muita necessidade familiar. Coloca nesse mesmo plano as dívidas no cheque especial e no cartão de crédito, sem esquecer dos boletos atrasados.

Mas se por um lado, o cenário positivo da Economia para 2021 não resolverá todas as questões financeiras; por outro, o aprendizado de 2020 é um legado a ser levado pelo resto da vida por cada brasileiro. Sobrevivemos assustados a todas complicações da pandemia e aperfeiçoamos a nossa capacidade de resiliência. O bolso vazio incomoda, mas não tanto como a dor da perda pelos que se foram.

Certamente ainda haverá muito aprendizado nisso tudo, carecendo uma reflexão melhor sobre o valor e a relação que o ser humano dá ao dinheiro e aos seus objetivos de vida.