Com mais de 30 milhões de adesões desde que o Banco Central permitiu a realização de cadastros, o sistema de pagamentos instantâneos Pix, que promete revolucionar a vida financeira de todos os brasileiros a partir de novembro, ainda é uma incógnita para a grande maioria das pessoas. Agilidade para os que compram, segurança para os que vendem e inclusão para os que empreendem, são apenas algumas das vantagens do novo sistema, que também promete mais liberdade para as pessoas procurarem os bancos que melhor lhe atendam e transparência em relação ao histórico de transações financeiras de cada um.
Pix nada mais é do que uma tecnologia desenvolvida pela Banco Central que permite realizar operações de maneira quase instantânea.
Alguns dizem que a palavra veio de pixel, para representar a transformação digital e a inovação tecnológica no sistema financeiro. A plataforma, inspirada em tecnologias como a Real-time Payment america e a Open Banking inglesa, surgiu como uma busca por mais segurança e pela diminuição do tempo de transferência do dinheiro de uma conta para outra, em transações online, como explica Ivando Silva de Faria, professor de finanças da UFF.
O dispositivo Pix certamente vai dar fim ao Doc, ao Ted e ao boleto. Vai funcionar como sistema de pagamentos e transferências, muito parecido com esses citados, só que instantâneo e gratuito para pessoas físicas. Qualquer celular poderá operar com a plataforma através de aplicativos. O que vai promover uma inclusão. O pequeno comércio, o camelô o pipoqueiro, enfim, todos vão poder usufruir, elogia Ivando.
A expectativa é que o sistema seja aberto para toda a população a partir do próximo dia 16 de novembro. Bancos, instituições financeiras e plataformas de pagamento poderão fazer operações através do Pix. O tempo médio da operação será de 10 segundos, segundo Ivando, que lembra que o sistema também poderá ser acessado a qualquer hora ou dia da semana, diferente das operações digitais de hoje, que quase sempre só funcionam até às 22h e em dias úteis.
As pessoas poderão cadastrar até cinco daquilo que ficou denominado como chaves, que serão identificações individuais associadas a uma conta bancária. Poderão ser usados como chave o CPF, o CNPJ, o número do celular, o endereço de e-mail ou um código gerado aleatoriamente. Particularmente acredito mais neste código aleatório, afinal ninguém vai querer sair por aí dando números de celular, CPF, ou endereço de e-mail, pontua o professor da UFF.
Após registrar as chaves no banco em que é cliente, a auxiliar de compras Kethllen de Souza, de 25 anos, espera agora que o sistema, de maneira bem otimista, que o sistema comece a funcionar para saber se ele vale realmente a pena.
A meu ver o pix não tem desvantagens, até por que, não vai ser obrigatório, a gente vai poder continuar efetuando pagamentos da forma atual. Só que ele vai ser muito mais rápido e não vai ter custo, quem iria querer ficar de fora disso?, ressalta Kethllen
O Brasil é considerado o país mais avançado em termos de tecnologia bancária no mundo, uma herança da época em que a gente tinha uma hiperinflação que fez com que esses sistemas se desenvolvessem. Nos tornamos referência em termos de produtos e serviços financeiros. E, segundo Gilberto Braga, economista e professor de finanças do Ibmec, o Pix surge como mais uma consequência desse investimento em tecnologia, principalmente após a popularização desses serviços causada pela pandemia, que trouxe a adesão de quem ainda hesitava em utilizar a transações eletrônicas pelo celular.
Será possível ter vários Pix. Quem tem conta em vários bancos poderá associar cada uma a um pix diferente. A partir disso, quando o sistema começar operar, bastará apenas oferecer umas dessas chaves de identificação. O que é muito diferente dos atuais Ted e Doc, que precisavam ser preenchidos com todos os dados da pessoa. Automaticamente o novo sistema vai buscar todas essas informações, não será preciso ter o número do CPF, razão social, número do banco, agências, contas, entre outros. Isso será automaticamente encontrado dentro dessa chave de identificação. Mas é preciso ter bastante cuidado, uma vez feita uma transação com o Pix, ela não pode ser cancelada, alerta Gilberto. A adesão ao Pix já tem sido oferecida pelos aplicativos da maioria dos bancos. Os valores que poderão ser transacionados pelo novo sistema vão variar de acordo com o perfil de cada cliente, do mesmo modo que com outros serviços bancários. Os limites também vão variar de acordo com o dia da semana e o horário em que for utilizado o serviço. Transferências e pagamentos poderão ser agendadas, da mesma forma que ocorre com o Doc e Ted. E ainda, a portabilidade das chaves de um banco para outro, deverão ser oferecidas de maneira simplificada. Embora isso nunca seja oficialmente colocado, especula-se que do ponto de vista de vigilância das autoridades, nos casos previstos em lei onde é possível quebrar o sigilo bancário das pessoas, essa seria uma forma de recuperar toda movimentação. Preocupação para os que não gostam de ter sua privacidade vasculhada, pois o Pix será um facilitador para que os outros o investiguem. Claro que isso só em casos muito específicos com ordem judicial, nem a Receita Federal tem autorização para fazer isso, conclui Braga.