Clippings

Valor Investe - Júlia Lewgoy (30/05/2019)

Com queda do PIB, o que acontece com o meu dinheiro agora?

As empresas não vão abrir vagas de emprego. Sem trabalho, você vai segurar sua grana para trocar de carro e a montadora vai segurar a produção. Entenda esse ciclo

Surpresa? Nada disso. Como já era esperado, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 0,2% no primeiro trimestre deste ano, o que significa que paira no ar um certo pessimismo sobre os rumos da economia do país. Mas o que você tem a ver com isso?

Além de diagnosticar se a economia está crescendo ou caindo, o PIB também dá pistas sobre o futuro — e esse resultado mostra que a sua vida deve continuar difícil, pelo menos neste ano.

As empresas não vão abrir vagas de emprego. Sem trabalho, você vai segurar sua grana para trocar de carro. Então, a montadora vai segurar a produção de veículos e vai contratar menos gente, e assim esse ciclo se reproduz, pra trás, infelizmente.

“A economia é movida pelas expectativas. Esse pessimismo só vai se reverter quando tivermos sinalização de que serão aprovadas a reforma da Previdência e as outras reformas que vêm a reboque para colocar o ajuste fiscal nos trilhos”, explica Alexandre Espírito Santo, economista da corretora Órama e professor do Ibmec.

Quando o presidente Jair Bolsonaro foi eleito, o mercado esperava que as reformas fossem aprovadas no primeiro semestre deste ano e, assim, o PIB ia voltar a crescer rapidinho. O que aconteceu, porém, é que o estilo de governo do presidente dificultou as negociações com o Congresso e atrasou o tão esperado avanço da economia.

“Até agora, a discussão econômica vinha a reboque da discussão política, mas o resultado do PIB traz mais realidade para esse debate. Mais do que ser contra ou a favor do governo, vamos virar a página e entrar no discurso econômico”, diz Gilberto Braga, professor de finanças da Fundação Dom Cabral e do Ibmec.


E a minha vida, cara pálida?

O desemprego deve continuar alto e, tão cedo, só vai conseguir se recolocar no mercado facilmente quem for muito qualificado ou topar trocar de área ou ganhar menos. Vai aumentar a quantidade de gente empreendendo e se virando como pode.

Com ou sem emprego, a hora é de segurar grandes gastos, porque a insegurança é grande. Não se endivide além do que pode e só troque de carro ou faça a viagem dos sonhos se já tiver uma reserva de emergência garantida. 

Além do desemprego alto, os empréstimos tendem a continuar caros, com os bancos com medo da inadimplência. Apesar da taxa de referência para os juros da economia, a Selic, estar na mínima histórica, de 6,5% ao ano, no fim das contas, é a expectativa de que os consumidores paguem em dia (ou não) que mais impacta o custo de crédito.

Falando em Selic, o Banco Central já sinalizou que os juros devem se manter no patamar em que estão. Ou seja, você segue tendo mais trabalho para encontrar investimentos que rendem mais que a poupança.

“Socorro”, você deve estar pensando. Só vai ter notícia ruim? Não, tem um lado “bom” de tudo isso. Os preços dos produtos devem continuar sob controle, porque, com baixo consumo, a inflação não deve sofrer grandes pressões. Ufa! Mais do que nunca, cuide do seu dinheirinho e segure a emoção.