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DCI - Paula Salati (13/03/2019)

Indicadores reforçam atividade muito fraca

Índices de inflação e mercado de trabalho divulgados ontem confirmam que economia andará em ritmo lento nos próximos meses até aprovação de reformas fiscais

Indicadores dos primeiros três meses do ano divulgados ontem reforçam que a recuperação da atividade econômica e do emprego continuarão em ritmo lento este ano.

Na avaliação de especialistas, a economia deve ficar em compasso de espera até à aprovação da reforma da Previdência Social. Diante desse cenário, a perspectiva é que a inflação continue controlada e rodando em níveis baixos.

Ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do País, acelerou no mês passado, ao  passar de 0,32% em janeiro, para 0,43% em fevereiro. Apesar disso, nos últimos 12 meses, o índice continua comportado, marcando elevação de 3,89%.

Como sempre ocorre em fevereiro, o grupo Educação foi o segundo maior responsável pela alta do IPCA (+3,53% e impacto de 0,17 ponto percentual), já que é neste período em que ocorrem os reajustes das mensalidades escolares e de cursos. O item que mais impactou o IPCA foi Alimentação e Bebidas (0,78% e 0,19 ponto).

O gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, Fernando Gonçalves, afirmou ontem que a elevação de preços no grupo Educação foi a mais baixa apurada em 10 anos. Segundo ele, algumas instituições de ensino estão negociando reajustes menores para evitar evasão de alunos. Gonçalves reforçou que a demanda fraca e o poder de compra limitado da população ainda ajudam a conter o IPCA.

O coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE FGV), André Braz, pontua que os indicadores de mercado de trabalho também sinalizam pouca mudança na dinâmica da economia para os próximos meses. Em fevereiro, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) da FGV recuou 1,8 ponto, para 99,3 pontos, após subir 10,3 pontos nos três meses anteriores.

Em médias móveis trimestrais, o indicador manteve a tendência crescente pelo quarto mês seguido, ao avançar 0,7 ponto, a 99,1 pontos. O IAEmp mensura a intenção das empresas de contratar novos funcionários nos próximos seis meses.

Para Braz, esses números indicam que a retomada da criação de vagas de trabalho e queda da taxa de desemprego continuarão em trajetória lenta e gradual. “Essa questão do mercado de trabalho vai demorar um pouco para se resolver e depende do tão esperado crescimento econômico, o qual, por sua vez, está na expectativa do andamento das reformas ”, afirma Braz.

Segundo o especialista da FGV, a aprovação da reforma, na medida em que possibilita a queda do déficit público, abre espaço para que o governo volte a consumir e investir em outra áreas, o que tende a dinamizar a economia.


Reavaliação

O professor de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-RJ), Gilberto Braga, também considera que a economia deverá andar “mais ou menos” no mesmo ritmo até se ter uma maior definição das reformas.

Na avaliação dele, se a discussão política sobre a reforma da Previdência se prolongar muito ou até mesmo não for aprovada ao longo de 2019, é possível que o Banco Central (BC) comece a reavaliar o atual nível da taxa básica de juros (Selic), que se encontra em 6,50% ao ano.

Para Braga, um cenário de atraso ou não aprovação da reforma pode significar um desaquecimento maior da atividade, o que poderia abrir espaço para cortes adicionais na Selic, de até 0,50 ponto. Essa seria uma forma de tentar estimular a economia. Outro indicador divulgado ontem foi o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para as famílias que ganham entre um e cinco salários mínimos. Este subiu 0,54% em fevereiro, 0,18 ponto acima da taxa de 0,36% registrada em janeiro. Em 12 meses, a taxa é de 3,94% Os produtos alimentícios puxaram a alta, cujos preços cresceram 0,94% em fevereiro.