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Diário do Comércio - MG (26/01/2018)

Criptomoedas já são usadas na compra de imóveis em Belo Horizonte

Moeda virtual será tema de palestra hoje na Capital

Se você tem 20 bitcoins no bolso, ou melhor, na carteira virtual, possui o suficiente para comprar um bom apartamento na região Centro-Sul de Belo Horizonte, uma das mais valorizadas da Capital. É com essa simplicidade que o conselheiro da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), Ariano Cavalcanti de Paula, sugere que o mercado imobiliário trate o tema das criptomoedas ou moedas virtuais, a mais popular delas o bitcoin, que estava valendo R$ 36.849 ontem.

Segundo Ariano Cavalcanti, apesar de ainda ser incipiente, o comércio de imóveis com o uso de bitcoins já é uma realidade. Ele preside a Netimóveis – rede que reúne imobiliárias –, que está fazendo esse tipo de anúncio. Como exemplo ele cita um lote em condomínio de Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, cujo proprietário aceita bitcoin como pagamento.

O dono do imóvel é o advogado Carlos Henrique de Oliveira Gomes. Ele disse que vem acompanhando de perto o mercado de bitcoins e resolveu inovar, investindo na moeda virtual. Para tal, colocou o lote à venda e aceita como pagamento o valor total ou parcial em bitcoin. O advogado acredita que o negócio não envolve grandes riscos porque, dependendo da cotação da moeda, ele pode fazer a conversão em real logo após a transação. Do contrário, ele guardará a moeda virtual em numa corretora especializada no ramo.

Cavalcanti considera que há muitas complicações desnecessárias envolvendo o assunto. Ele irá ministrar hoje, na sede da CMI/Secovi-MG, na Savassi, a palestra "Criptomoedas nas negociações imobiliárias". Na avaliação dele, o bitcoin pode ser utilizado como mais um meio de pagamento a ser aceito para aumentar o leque de opções do mercado imobiliário. Uma das vantagens é que a moeda virtual tem maior liquidez.

Mas o próprio Cavalcanti aponta que um dos problemas é a grande volatilidade, ou seja, se ontem o bitcoin valia R$ 36.849, não se sabe quanto ele vale hoje ou quanto estará valendo amanhã. Outra questão, segundo Cavalcanti, é a segurança sobre onde a moeda virtual será guardada. Há corretoras especializadas nesse segmento que abrem uma espécie de conta virtual, com um código, para o "depósito" das criptomoedas. Ele também alerta para a necessidade de que todas as operações sejam devidamente declaradas nos órgãos competentes.Professor de finanças do Ibmec/RJ, Gilberto Braga acredita que a criptomoeda pode vir a ser mais uma alternativa para o mercado imobiliário. "Tudo que facilitar o acesso à transação imobiliária é importante. É um setor importante para a vida das pessoas", disse. Entretanto, ele considera que ainda são necessárias análises para verificar como se dariam as operações num setor dependente de uma série de registros e certidões.Braga também faz a ressalva de que as criptomoedas ainda envolvem muitas discussões e, por enquanto, passam longe da regulação dos bancos centrais, existindo alertas sobre o seu uso em diversos países, entre eles Brasil e Estados Unidos.

Em novembro passado, o Banco Central emitiu comunicado alertando que as moedas virtuais não são emitidas nem garantidas por qualquer autoridade monetária, por isso não têm garantia de conversão para moedas soberanas, e tampouco são lastreadas em ativo real de qualquer espécie, ficando todo o risco com os detentores. "Seu valor decorre exclusivamente da confiança conferidas pelos indivíduos ao seu emissor", diz o alerta.

Blockchain - Além de esclarecer sobre as criptomoedas, Ariano Cavalcanti também abordará, em sua palestra na CMI/Secovi-MG, o tema do desenvolvimento de soluções de blockchain para o mercado imobiliário. O blockchain é a tecnologia por trás do bitcoin. Cavalcanti é representante do Internacional Blockchain Real Estate Association e presidente da cooperativa de crédito Sicoob Secovicred.

Ele explica que o blockchain pode ser aplicado a vários setores, como contratos e direitos autorais, indo muito além das criptomoedas. A tecnologia tem capilaridade extensa e permite que "todo mundo enxergue o que todo mundo faz", conforme Cavalcanti. Seu principal diferencial é não permitir a duplicidade de informação, garantindo maior segurança.