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O Globo - Raphaela Ribas (14/01/2018)

Veja quais as taxas que sobem em janeiro e como organizar o orçamento

O início do ano requer um planejamento especial para o controle das despesas da casa

Passada a euforia do fim de ano, quando que tudo é festa, o ano enfim começa. E com ele vêm a dieta, a rotina e... as contas! Logo, é melhor se programar para não chegar em 2019 embolado em dívidas.

Entre as contas residenciais que já começam o mês mais caras, estão o IPTU, que teve reajuste de 2,94% (baseado no índice de atualização IPCA-E), e a conta de gás canalizado, que tem correção anual em janeiro — neste ano, de 2%.

No caso do imposto territorial, o pagamento pode ser feito de uma única vez — com desconto de 7% à vista — ou em dez parcelas, com datas de vencimento que variam conforme o número final da inscrição imobiliária do imóvel. De 0 a 5 no final, a primeira parcela vence até o dia 7 de fevereiro. De 6 a 9, até o dia 8.

Vale lembrar que, além do reajuste anual, os valores do IPTU no Rio passarão por uma atualização, conforme prevê a Lei 6.250/2017, aprovada no ano passado. O repasse aos imóveis que terão aumento no imposto, entretanto, serão feitos de forma escalonada, sendo metade computada no carnê de 2018 e o restante somente em 2019, quando o contribuinte passará a pagar o valor total da taxa atualizada.

Já o aumento na conta de gás deve aparecer somente na fatura de fevereiro. A Companhia Distribuidora de Gás (CEG) ressalta que também pode atualizar as tarifas, para mais ou para menos, sempre que houver alteração no custo do gás fornecido pela Petrobras.

As despesas de luz e gás de botijão, a princípio, não aumentam em janeiro, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Petrobras, respectivamente. Mas isso pode mudar já no próximo mês, pois os preços variam de acordo com algumas variáveis.

No caso da luz, a base de cálculo é a geração de energia, portanto pode sofrer alteração a cada mês — através de um sistema de classificação por bandeiras (verde, amarela ou vermelha 1 e 2). Em dezembro, por exemplo, como era vermelha, foram cobrados R$ 3 a cada 100 kW/hora . Já em janeiro, a bandeira é a verde, logo sem custos extras.

Em relação ao botijão de gás de cozinha (GLP), a Petrobras disse não saber quando e se aumentará. O fato é que este foi o maior vilão das casas em 2017, subindo cerca de 69% no acumulado do ano.

A água, por sua vez, permanece estável, pois o reajuste ordinário anual da Cedae é no início do segundo semestre, após elaboração de estudo técnico e aprovação da agência reguladora, segundo a distribuidora de água.


Ganha mais, gasta mais

Mas não são só as contas que pesam em janeiro e fevereiro. O professor de finanças do Ibmec, Gilberto Braga, chama a atenção para o fato de que estes meses finais e iniciais do ano mexem mais que o habitual no orçamento doméstico por outros motivos.

— Este é um período em que ganha-se o décimo terceiro, a gratificação e antecipa-se o salário no caso de férias. Então, em um determinado período, o morador tem mais dinheiro na mão. Por outro lado, as despesas fogem da manutenção normal familiar e são maiores. Primeiro são as férias, em que as pessoas relaxam e gastam mais. E tem ainda a fatura do mês de dezembro, das festas, IPTU, IPVA, material escolar, viagem, carnaval... Tudo isso impacta no orçamento.

Segundo ele, este é o momento de pensar em um planejamento financeiro específico para este período. Um orçamento de guerra, como chama. Seja com uma planilha detalhada no computador, um papel ou bloco de notas do telefone, o ideal é ter uma gestão das finanças de forma acessível e não enfadonha, ensina.

— Tem que tratar o dinheiro extra para o que também é extra. É importante chegar ao final deste período, geralmente, após o carnaval, sem cair no vermelho.

Quanto às contas, para o IPTU e IPVA, Braga sugere que se o morador tiver o dinheiro em mãos, quite logo. Caso não seja possível e tenha que se escolher um, melhor pagar o imposto do carro, que é dividido em menos parcelas e custa mais caro, alerta.

Ele também sugere que, a médio e longo prazo, se pense em métodos de economia aliados à tecnologia, como a implementação de sistemas de captação e reutilização da água de chuva e energia solar.


Consumo consciente

A despeito dos reajustes, vale lembrar que janeiro e fevereiro são meses em que se costuma ter contas mais altas para quem fica em casa, especialmente no Rio, pois, com o verão, é comum aumentar o consumo de ar-condicionado (o maior vilão da energia, responsável por 40% a 50% do consumo total de uma casa, se mantido ligado o dia todo), assim como receber visitas.

Além da organização financeira para gestão do orçamento doméstico, alguns novos hábitos ajudam a reduzir as despesas em casa.

A Light, por exemplo, explica que só de reduzir o banho de 10 minutos para 7 minutos e manter o chuveiro elétrico na posição “verão”, o morador pode reduzir em até 30% o consumo, o que representa uma economia de até R$ 20 na conta de luz.

Outro fator que pesa no consumo diário é a geladeira: de 15% a 20%, em média. Por isso, a sugestão é que ela esteja em um local ventilado e que não se use a parte traseira para secar roupas, pois isso exige ainda mais força dela — e, por consequência, o consumo de ainda mais energia.


Planeje, desde já , o começo de 2019

Para o coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV), Ricardo Teixeira, a organização das despesas do início do ano que vem devem ser feitas, acredite, hoje (ou o quanto antes).

Segundo ele, o morador já deve começar a botar na ponta do lápis quanto vai ganhar, guardar e gastar por mês e, também, considerar os feriados e as datas comemorativas, com os dia das Crianças e dos Pais, os aniversários e passeios maiores. Senão, quando for viajar, fazer um evento ou comprar presentes, acaba gastando no crédito e sem controle.

O crédito, afirma, deve ser uma opção e não a salvação.

— O cartão de crédito deve ser usado quando é vantajoso o parcelamento ou para adquirir milhas. Consumir é uma atividade planejada. Se você guardar sempre, não precisará recorrer ao crédito.


Quanto reservar por mês

Se pagar todas as contas pode ser difícil, guardar dinheiro é mais ainda. Mas Teixeira reforça a importância de separar uma quantia mensal tanto para ter como reserva como para fazer uma poupança.

— O ideal é separar 20% do salário líquido para emergências ou até 30%, considerando também uma poupança.

Voltando a 2018 — que não começa somente após o Carnaval —, quem não conseguiu se programar antes e está com a grana curta deve dar prioridade ao acerto das contas.

— Comece pagando o que imprescindível, como água, luz, gás e comida, que podem ser cortados sem o pagamento. Depois, elimine as contas com custos mais elevado. Por fim, veja o que pode ser parcelado — ensina Teixeira.